segunda-feira, 30 de junho de 2014

terça-feira, 24 de junho de 2014

 
chegaram em magotes
chilreavam
como pássaros
ao pequeno-almoço
em busca de um Houdini
que desapertasse
as camisas de força
em vão tentaram sair
de baixo
da escada

tocavam em fagotes
horrorizavam
como morcegos
a cear
em busca d'O
que ilustrasse
a impotência dos corpos
que escapavam
de baixo
da terra
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

domingo, 22 de junho de 2014

"sardinheiradas"


a materialidade do fogo
ocupa invisível
o espaço de ser
outra coisa
que não arde nem molha
o que está
na grelha

das avaliações pertinentes
aos a bem suados
pimentos
e uma praga de caracóis
que deles me livre

é tudo orgânico, mais nada
que as contas feitas
de bichos enrolados
em si mesmos
podem um dia florir

não queria que mas cortassem.




quarta-feira, 18 de junho de 2014

"metrónomo"


que lembranças podem tragar
de uma sentada
o aroma dos prantos
dos iludidos

entubação ensaiada
nas linhas imaginadas
da forma
pedem licença
para não dormir

sorrisos equidistantes
ocultam diferenciações
ambi.guisadas
de forças de atracção
e repulsa

perdi o relógio nas horas
é tempo de dar corda
à clepsidra.




"ai cai"


remexo café
lembrando que não podia
seguir contrapé



segunda-feira, 16 de junho de 2014

"underground"


subsonhei toda a noite
até à hora de subacordar.



"volição"


fogo de vista
periférica e 
taciturna

há sempre dois 
que vão sozinhos
que se sentam
              sozinhos
que não dizem o suposto

risco necessário
às dissertações turvas
que enchem os copos
meios
vazios
no desassossego do que não se pede

nem se pode deixar
de pedir.





domingo, 15 de junho de 2014

"2367"


keys and directions
errantes de
moras
e códigos pouco secretos
à espera de ninguém
em caixinhas pretas
feiticeiros de lua
filipinos
a fazer de milagreiros
abridores de portas

quilos de arrasto
por metro quadrado
com topping de morango
e uma rádio afónica
onde passa a crise
de várias latitudes
sem qualquer novidade.

valha o circo picado
a ponte a amanhecer
as cúpulas majestosas



"Ostra Sismo"


hiper-reflexivos
aka parvos
de mãos atadas
micro-explosões a fogachos
por entre as árvores
à espreita
gigantes de pedra
adormecidos
em duas rodas
avariadas
não saber que querer
no parque das maiorias 
menores e motorizadas
podem esperar
o que se segue
o verde
os cisnes
as fotografias engajadas.


"sic transit gloria mundi"


o tempo da nossa raiva
uma escultura e duas avionetas
marcavam compasso
de espera
em forma de suspiros
de frutos silvestres
temperados com hermanos
exoticizados

aplainou durante o eclipse
a crise de confiança
nos transportes públicos
e apeou-se de um só trevo
sem olhar para trás.




sexta-feira, 13 de junho de 2014

"carnivale"


circo dos horrores
sem a voz caco-tónica
do silêncio embruxado

cada qual no seu lugar
não chega sem destino
um final perceptível
que drena a vida
do milho

gravidez in desejada
depois de ranger o fogo
de recolherem os olhos
num relâmpago súbito
de profecias desunidas

venha quem sabe
guiar a caravana
remontar a tenda
alucinar a virtude




"departure"


enquanto não chegava
desfrutava o que partia
aos pedaços.




"Copo do Mundo"


há também uma diáspora
de opinação sem terra
em cada sonho aleijado
a relaxar na areia 
dos cops que abanam 
a multidão em fúria

ordem e progresso
a golpear
menstruações apressadas
mortes prematuras
e um cheiro arrastado a
banquete que nunca chega
a quem tecer

ninguém arreda pé sem a copa
ninguém arreda o copo sem pé
                                         descalço.




"Qui-meras Aka-dérmicas" IV


mais adolfamento
menos abrasamento
nas rotinas de produção epidérmica

e vai daí
todos sorriem
macabros
nas feitorias epistemológicas
que nem o método
diz farsa

come pré-conceitos, pequeno
come pré-conceitos
olha que não há mais hermenêutica no mundo
para além dos pré-conceitos

: considerações posteriores:
mas...?
mas...?
mas...?




"insolvência"


uma barreira de subtilezas 
pela camisa acima
aos acossados

sem unhas
sem uivos 
sem bilhete de autocarro

com a plenitude aparente
do acaso perseguido
com medo

descomunicam-se em pomada
avançando em espirais redundantes
e dizem os números da lotaria

quando dormem
vendo televisão
de olhos fechados.




"sex apelo"


o que não se tem
em câmara lenta
sequer sé
aos bocadinhos

demanda se
de quando em vez
poder
contar baixo

em numeração romana

partir um vaso
à fortuna
da roda dos ventos
sem nome

pede licença
aos obstáculos
que a vista grossa
fez curtos

circuitos descarnados
de apenas
dois dedos de frustração
e três metros de luz

em cada perna.




"tabulada"


apenas uma fracção
para fazer
a diferença




quarta-feira, 11 de junho de 2014

"last orders in the bar"


quando se diz que a barra está pesada
vem a saudade
                        ao de leve

traz um adufe de perscrutação
e um ladrar esganado
                        de guerrilha apartada

pede a revolução
ao balcão incandescente
mas só saem duques
e um cocktail
que esgotou.






"aeminium"


antes que me absorva
a cidade
sediada acima
dos sinos da santa
não por vontade própria
exasperei os tubos
mas não conseguia sair 
sem coxear a reboque 
do teatro anatómico
que deambula nas praças
das feiras do livro 
               sem novidades
               sem promoções
eram só autores e um

cheiro a queimado
que vinha do jardim. 




"assobio"


mal se virou encarando
o balde de água fria
fitou-se
fugiu.



"tirânica"


ela tem a faca
ela tem a faca na mão
ela tem a faca na mão e não treme
ela tem a faca na mão e não treme remorsos

cortou-se.




"Nihilíadas"


Impérios perdidos de mer
da ocidental praia
dos lobos
quase extintos

antes que chegue a mostarda
da Índia
às narinas de sal

eu disse-te que era um poema
e não aresta
na metonímia
de uma branca
que alegorizava
um povo.




"churrasco"


assaz na brasa
e purificação
no espeto




"the Biblylon"


queixume de cobra
negra escama
deixa brilhar
esta febre 
de languidez assolada

uma traição da garganta
na banheira azul gelada
onde não cabem
coxas e ansiedades
nem correntes
sanguíneas a lavar
amoras.




sexta-feira, 6 de junho de 2014

"salvador"


mostrou o caminho 
e seguiu
na direção oposta.




só taque
só toque
só tacto
solamente una
vês
so long, baby
never moor, in the shore
mistério!
e uma caixa
à vida
à esperança
a cozer-se
over tour
da ninfonia
a fechar o caos
de uma noite muito escura

sem lutar
sem qualquer coisa.




"caçada"


dois olhos fixavam
a que não chegou
a sair.




chegou azara
aperaltou-se
toda confiança
sangue ardendo de solista
e um cancro na voz
a montar o palco.

imper'atriz do que seria
viu três países
quedou-s'em poiso
soprou as cinzas
e partiu.






"petisco"


sem me ver
sabia
que estava lá.



"oblíquo"


precipitação previsível
pelo telhado latão
pinga cuidados
entrepostos
em postigos
de vinil
gravados
em sondas
a servir de
life saving support
I love it
inside the cage
sem arrulhar
uma pinta bebida
e outra por perdir
à janela
antes que soe
o gongo.






levantou-se e fez
sopa de agrião
comprou fruta
              podre
tropeçou no caroço
e deu gorjeta
              ao moço

dançou sem vestido
uma valsa qualquer
salsou a colher
estragou a sopa

oh moça con sorte
das saias de foles
a bailar a morte
na salga das pedras. 






mortalhas e micose
coisa alguma
para dizer 
fere hands
pés talentosos
uma entrada junta
e um coração muito aberto
selvaticamente amestrado
deitam o quadro abaixo

tocam à campaínha
sem luz
só se ouviu um cheiro
ainda cintilava
a rúcula do jantar
quando se deu por perdido
quebranto.




quarta-feira, 4 de junho de 2014

"Insónia" III


previ são
previ dente
mordaz
incisivo

sintonismo
futuro passado
a presente
fino

espanto no lugar onde
push; avó; mito
mistura são
insanidade

com fogachos de desenvoltura
e good vibes
a espasmos.



"nove"


prova me
prova o
que é
provavelmente
provocativo
provoca me
provando o mesmo
provoca.dor



"beringela"


nunca diria que eras roxa
por dentro.



"spider"


ateias ao lado
do fogareiro
cuidado!
que as moscas caem
no plano falhado

se a bicha tear
armadilha de seda
podes fugir
mas não ocultas
o que temes

perder
o passo certo
é o vôo
prometido
a quem escapou das brasas
mal ateadas

quase foste comida
em sonho alado.



"calculadora"


ela vira
metade do que era suposto
mesmo sem entender
a matemática
das equações sociais

logo menosprezou
oh, shit!
o que lhe molhava as calças
então pôs-mos ternos
do avesso

começar pelo fim
disse que é melhor
mas não percebeu
a semântica latente

foi tudo bom
encanto durou
até dizer o nome
fruta carcomida

a equação quebrou
a numerologia basilar
das incontáveis cerejas



"de sacci profundis"


reminiscências de pás
que in-terram
traqueias vorazes
dinossauros famintos
de botas
de bicos
de aço fodido.

postas as coisas
postas as mesas
postas de pescada
postas no lixo

depois chegou
sem se voltar
sem revoltar
sem fazer barulho

e tomou a sua presença
como dedo adquirido
sem perceber que não
fora visto
excepto pelo pardal
cantador.



"quantum"


tudo atravessa sentido
sem tradução
sem lógica imanente
sem promessas

tudo o que veio e foi
sem hesitar
por cominhos desconexos
na bruma

tudo diz qualquer coisa
something that never happened
e que, no entanto
aconteceu

tudo foi de noite
e voltou de dia
grama das virtudes
perdidas

tudo é um
que é nada
que é tudo
que deixou de ser.




"quero ir brincar
para o mundo do duende verde"
com o Castañeda no bolso
e o relógio no pulso

uma recepção inteira
refracção na luz
de exibicionismo sincero
raposas que atravessam estradas
e gatos que encontram passagens
para universos seguros

eis que de repente
o serão
traz entrelinhas subjacentes
e sangrias humanas
tudo o que não pode ser olvidado
grita cimentos apáticos

de repente
a penumbra.



"pre.ciosamente"


ancorada
uma teoria de independência mútua
a reter
tudo à volta

quem s' esventura na tradução
das virtudes de um homem degenerado?

dentes, estômago
e um promontório de bagaço
para uma boa digestão.




"piscina"


não sei se vai correr bem
não sei se são americanos
mas vamos lá!
deixa-me só fazer aqui um
papagaio de papel
não, desculpa!
já posso ver?

isto pode acabar
isto pode dobrar
sem que eu continue
hã?

com esse olhar de leão
que vai apanhar borboletas?

sabes que mais?
o autoclismo não funciona.
desafio-te para um jogo.

daqui a pouco.



"Nagual" II


não tenho faca
para encher o meu corpo
direccional
com minhoquices

de repente estava num cachimbo
rastejei
antes que conseguisse abrir os olhos
tinha regressado

um guerreiro
à porta
a decidir
matar ou ensinar





"Nagual" I


disse-me para esperar por ele no carro
voltou passadas três horas
com um pacote embrulhado
em vermelho

era o último presente para mim

ao fim da tarde eu senti suavemente
morta a pestilência
de seis onças de diâmetro
as sementes estavam secas
                                redondas
e de cor amarela
queria comer alguma coisa
mas ele disse-me
que eu tinha de seguir a regra

só um pouco de água.



segunda-feira, 2 de junho de 2014

"B. Le Tour"


bicicletas não andam
os humanos não rodam
o que se diz não se escreve
sem caneta

as correntes não puxam
a força motriz dos atores
escarnece a moral
dos deflectores desalmados

ainda bem que não temos de ser espertos
: será que se afogam
no dilúvio dos campos
as formigas que trepam montanhas?

alavanca anti gigantes
e uma roda dentada
que avança contra relógios
apalpando as linhas
com que se bordam redes




"ora são"


profiteroles, Senhor
e uma taça de arroz
até jazz
para os pobres
chupa-lhe as chagas
a purga
the God Damn dessert!





beija a flor
o veneno nas veias libertas
anticorpos fugazes
bloqueios de gases tóxicos
as hortas que fecham
portilhas
reprovações carnívoras
abrem o leque

"escolhe uma carta"





ambivalências campestres
em solo urbano
mediadas por tecno.logos
de ambiguidade latente

um churrasco
uma rodada
o bilhar de domingo
as caras do costume

a tracção às rodas dianteiras
que impelem mudanças
sem paradigmas
perdidos
dançamos na noite-alvorada
quase depois do lusco-fusco
rasurado




domingo, 1 de junho de 2014

"the stare"


pontiaguda

indecente

chuvosa


queimaram-se os cabos

o homem parou de fixar
                            (se ter)
cabras



"Qui-meras Aka-dérmicas" III


porque ésse obrigado
a ser não-pessoa
mas nunca
não-humano

porque ésse a ferros
de pressa
mas nunca
de pressão

porque i-ésse, man
mas nunca
calão, catano!

porque "ah foi quase"
ésses converses
de dizer coises

: considerações posteriores:
então quando pagam?