sexta-feira, 3 de outubro de 2014

"borbulhas"


não sei que bicho
me mordeu
nunca o vi
era muito pequenino

dantes havia 
umas escadinhas
e vegetação à volta

tudo mudou quando chegaram
à cidade
grandes projetistas
de armazéns
e rotundas quadriláteras
que semeiam alcatrão

era muito pequenino
escapou
mas já não há
vegetação
nem escadinhas
à volta.



"agon"


aparentemente deixei
de jogar
quando percebi
que abria um buraco
no estômago
onde combatiam
copas



sábado, 13 de setembro de 2014

dálmata


havia de dizer
que
havia de mostrar
te
havia de haver
se

comigo 

que te mostres
que se diga
que te hajas

a multiplicar as malhas
sociais

a dar cordel 
em nada

que existi se


sem manchas

e offline




rotina


ela comia e olhava
para trás
a barriga apontava
para a frente
onde estava ele

bebia em goles pequenos
olhava sem interesse
um jogo qualquer

atrás de si cresciam
cicatrizes de ciúme
que não adivinhava

até ao dia
em que partiu

a loiça.




dois terços e meio
de joelhos
sobre a escadaria
de Babel

ainda não se vê
nas alturas
a entrada do templo
mas há

fé sarnenta
e gaitas de fools

apodrece mamão
na cesta proibida
de frugalidades

que se podem saborear
a penas
nas soleiras das janelas
fechadas




maternidade


estima a tua mulher
estima o teu filho
estima a tua sogra
o teu sogro
escuita
escuita

não te dei autorização
para falar assim
aberta mente
sobre o que dizes
não ter

sabias que os morangos
perdem
sabor quando
afogados
em nata.




sexta-feira, 12 de setembro de 2014

"éfe"



pelas línguas da virtude
trauteei sonatas
de espada em punho

sem algibeira
para o resto
do gengibre do jantar

mas havia festins e folias
e tartes de maçã

entre as gotas
adocicadas
do elixir chuvoso
das que não
se molhavam

- às vezes passavam
e pediam para tirar fotografias



cousas da vida


uma sexta-feira
um dia limpo
e cai-me no olho
era azar a mais
fui andando
não melhorou
continuei caminho
a soro
não saía

duas horas à espera
e o médico disse
"the sky spat on you"




olhassem
mote dado
familiaridade
de indústrias passageiras
para uma furna
sem alma
fresca
antes que o crepúsculo

quase liquidado
adicione indigentes
quase liquidos
aos agriões vespertinos

afinidade
sem mácula
perdida
na roda da bicleta
sem montanhas



tropeço


sem tesão
sem preço
sem fundo

saltou
alianças
de roldanas
ensarilhadas

não a mesma mulher
de arame
na brincadeira
              do poço




o que sem pensar
demais
deu curvas e voltas
espirais
sem retorno
até ao ponto de
rebuçado



bebendo uma sidra
canteiros silenciosos
aves de papel




andava pelas canadas
de noite
pensando que era
pássaro nocturno
gralhando impropérios

diziam que sofria
de amores
mas não.

tinha fomes e fúrias
tumores frios
quase científicos na forma
analítica
de calcar as pedras

também galgava precipícios
minuciosamente
antes que alvorassem
bagatelas

essa orquestra de brados
autofágicos
que mascam os dias



quinta-feira, 4 de setembro de 2014

lusco-fusco


olhos secos
quando era criança
molhados na puberdade
enxutos no sovaco
alcoviteiro
da quase-vida
moída em
espaços abertos
frinchas permeáveis
lamas vermelhas
desbotadas pela lixívia
do quase-ser
primeira apanha

pela manhã ouvi um ruído
era o pôr-do-sol.




segunda-feira, 25 de agosto de 2014

cascata


fez-se ao caminho das
vidálias
tem sal
e restos de baleia
deu a volta
e ficou-se

montanhosa no meio

e os miúdos a cheirar
começaram a ter ramos
por cima

agora não deixam passar




sexta-feira, 22 de agosto de 2014

'velagem'


fino vislumbre
da amplitude
suspensa na aragem
lenta e plácida

só se comem
as pedras
quando o peixe
resiste
nas rochas
temperadas
só com sal
e velas
roucas
a desistir

sem âncora





meu avô tinha oito
irmãos agarrados
aos furos vigiados
pelo farol
mas um faleceu
a pôr bandeira
era o único
na praia

foi bonito para
as tartarugas
roxo e transparente
serviu de termómetro
e via
d'escape
os garajaus mergulhadores
não as caçavam






primeiros-socorros


faz-me um garrote
se sangrar
num copo em ventre
partido

não olhes para trás
e torce
não olhes sequer
aperta

até ao areal

azul estrelado
sem verbo



cantilena


furão, furão
de cara medonha
revolve nas guelras
d'aqui, d'acolá

furão, furão
devolve as escamas
descobre as cigarras
retorna amanhã

furão, furão
de porte sisudo
impele-me a tudo
nas costas de Pã



'sole' baixo


durante muito tempo
enfraqueci
os albatrozes de azul
profundo

entravam-me na garganta
moluscos
securas
um abafado trauteante

sobe baixinho
pelas encostas
altas em
sangrias barrentas

não dão mais uva
de cheiro
que o odor
a mar




desafio


assim que te 
desengasgues
faz-me uma rima
se és homem

e tira a espinha
da sopa
de letras

pinta as sete
canadas
com calçado próprio

antes que engulas a salada
de frutas
verbalizadas

que não voltas a
cegar com
desafio posto




sexta-feira, 18 de julho de 2014

"Qui-meras Aka-dérmicas" V


deve permanecer sentado na cadeirinha
oito horas após
accionar um botão
de rosas.

: considerações posteriores:
são rascunhos, Senhor!





"militância"


medo, disciplina
medonha piscina
armada latrina
demente captação
pus
vasos no pátio
antes que eles chegassem
a chuva não os regou
proscratinei a vontade
de cerrar os dentes
fileiras desalinhadas
em exército de
garrafas de água das pedras
com capacetes e tudo

não sei quem foi
o cabrão que
guardou as armas em PDF's

encriptados.



segunda-feira, 30 de junho de 2014

terça-feira, 24 de junho de 2014

 
chegaram em magotes
chilreavam
como pássaros
ao pequeno-almoço
em busca de um Houdini
que desapertasse
as camisas de força
em vão tentaram sair
de baixo
da escada

tocavam em fagotes
horrorizavam
como morcegos
a cear
em busca d'O
que ilustrasse
a impotência dos corpos
que escapavam
de baixo
da terra
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

domingo, 22 de junho de 2014

"sardinheiradas"


a materialidade do fogo
ocupa invisível
o espaço de ser
outra coisa
que não arde nem molha
o que está
na grelha

das avaliações pertinentes
aos a bem suados
pimentos
e uma praga de caracóis
que deles me livre

é tudo orgânico, mais nada
que as contas feitas
de bichos enrolados
em si mesmos
podem um dia florir

não queria que mas cortassem.




quarta-feira, 18 de junho de 2014

"metrónomo"


que lembranças podem tragar
de uma sentada
o aroma dos prantos
dos iludidos

entubação ensaiada
nas linhas imaginadas
da forma
pedem licença
para não dormir

sorrisos equidistantes
ocultam diferenciações
ambi.guisadas
de forças de atracção
e repulsa

perdi o relógio nas horas
é tempo de dar corda
à clepsidra.




"ai cai"


remexo café
lembrando que não podia
seguir contrapé



segunda-feira, 16 de junho de 2014

"underground"


subsonhei toda a noite
até à hora de subacordar.



"volição"


fogo de vista
periférica e 
taciturna

há sempre dois 
que vão sozinhos
que se sentam
              sozinhos
que não dizem o suposto

risco necessário
às dissertações turvas
que enchem os copos
meios
vazios
no desassossego do que não se pede

nem se pode deixar
de pedir.





domingo, 15 de junho de 2014

"2367"


keys and directions
errantes de
moras
e códigos pouco secretos
à espera de ninguém
em caixinhas pretas
feiticeiros de lua
filipinos
a fazer de milagreiros
abridores de portas

quilos de arrasto
por metro quadrado
com topping de morango
e uma rádio afónica
onde passa a crise
de várias latitudes
sem qualquer novidade.

valha o circo picado
a ponte a amanhecer
as cúpulas majestosas



"Ostra Sismo"


hiper-reflexivos
aka parvos
de mãos atadas
micro-explosões a fogachos
por entre as árvores
à espreita
gigantes de pedra
adormecidos
em duas rodas
avariadas
não saber que querer
no parque das maiorias 
menores e motorizadas
podem esperar
o que se segue
o verde
os cisnes
as fotografias engajadas.


"sic transit gloria mundi"


o tempo da nossa raiva
uma escultura e duas avionetas
marcavam compasso
de espera
em forma de suspiros
de frutos silvestres
temperados com hermanos
exoticizados

aplainou durante o eclipse
a crise de confiança
nos transportes públicos
e apeou-se de um só trevo
sem olhar para trás.




sexta-feira, 13 de junho de 2014

"carnivale"


circo dos horrores
sem a voz caco-tónica
do silêncio embruxado

cada qual no seu lugar
não chega sem destino
um final perceptível
que drena a vida
do milho

gravidez in desejada
depois de ranger o fogo
de recolherem os olhos
num relâmpago súbito
de profecias desunidas

venha quem sabe
guiar a caravana
remontar a tenda
alucinar a virtude




"departure"


enquanto não chegava
desfrutava o que partia
aos pedaços.




"Copo do Mundo"


há também uma diáspora
de opinação sem terra
em cada sonho aleijado
a relaxar na areia 
dos cops que abanam 
a multidão em fúria

ordem e progresso
a golpear
menstruações apressadas
mortes prematuras
e um cheiro arrastado a
banquete que nunca chega
a quem tecer

ninguém arreda pé sem a copa
ninguém arreda o copo sem pé
                                         descalço.




"Qui-meras Aka-dérmicas" IV


mais adolfamento
menos abrasamento
nas rotinas de produção epidérmica

e vai daí
todos sorriem
macabros
nas feitorias epistemológicas
que nem o método
diz farsa

come pré-conceitos, pequeno
come pré-conceitos
olha que não há mais hermenêutica no mundo
para além dos pré-conceitos

: considerações posteriores:
mas...?
mas...?
mas...?




"insolvência"


uma barreira de subtilezas 
pela camisa acima
aos acossados

sem unhas
sem uivos 
sem bilhete de autocarro

com a plenitude aparente
do acaso perseguido
com medo

descomunicam-se em pomada
avançando em espirais redundantes
e dizem os números da lotaria

quando dormem
vendo televisão
de olhos fechados.




"sex apelo"


o que não se tem
em câmara lenta
sequer sé
aos bocadinhos

demanda se
de quando em vez
poder
contar baixo

em numeração romana

partir um vaso
à fortuna
da roda dos ventos
sem nome

pede licença
aos obstáculos
que a vista grossa
fez curtos

circuitos descarnados
de apenas
dois dedos de frustração
e três metros de luz

em cada perna.




"tabulada"


apenas uma fracção
para fazer
a diferença




quarta-feira, 11 de junho de 2014

"last orders in the bar"


quando se diz que a barra está pesada
vem a saudade
                        ao de leve

traz um adufe de perscrutação
e um ladrar esganado
                        de guerrilha apartada

pede a revolução
ao balcão incandescente
mas só saem duques
e um cocktail
que esgotou.






"aeminium"


antes que me absorva
a cidade
sediada acima
dos sinos da santa
não por vontade própria
exasperei os tubos
mas não conseguia sair 
sem coxear a reboque 
do teatro anatómico
que deambula nas praças
das feiras do livro 
               sem novidades
               sem promoções
eram só autores e um

cheiro a queimado
que vinha do jardim. 




"assobio"


mal se virou encarando
o balde de água fria
fitou-se
fugiu.



"tirânica"


ela tem a faca
ela tem a faca na mão
ela tem a faca na mão e não treme
ela tem a faca na mão e não treme remorsos

cortou-se.




"Nihilíadas"


Impérios perdidos de mer
da ocidental praia
dos lobos
quase extintos

antes que chegue a mostarda
da Índia
às narinas de sal

eu disse-te que era um poema
e não aresta
na metonímia
de uma branca
que alegorizava
um povo.




"churrasco"


assaz na brasa
e purificação
no espeto




"the Biblylon"


queixume de cobra
negra escama
deixa brilhar
esta febre 
de languidez assolada

uma traição da garganta
na banheira azul gelada
onde não cabem
coxas e ansiedades
nem correntes
sanguíneas a lavar
amoras.




sexta-feira, 6 de junho de 2014

"salvador"


mostrou o caminho 
e seguiu
na direção oposta.




só taque
só toque
só tacto
solamente una
vês
so long, baby
never moor, in the shore
mistério!
e uma caixa
à vida
à esperança
a cozer-se
over tour
da ninfonia
a fechar o caos
de uma noite muito escura

sem lutar
sem qualquer coisa.




"caçada"


dois olhos fixavam
a que não chegou
a sair.




chegou azara
aperaltou-se
toda confiança
sangue ardendo de solista
e um cancro na voz
a montar o palco.

imper'atriz do que seria
viu três países
quedou-s'em poiso
soprou as cinzas
e partiu.






"petisco"


sem me ver
sabia
que estava lá.



"oblíquo"


precipitação previsível
pelo telhado latão
pinga cuidados
entrepostos
em postigos
de vinil
gravados
em sondas
a servir de
life saving support
I love it
inside the cage
sem arrulhar
uma pinta bebida
e outra por perdir
à janela
antes que soe
o gongo.






levantou-se e fez
sopa de agrião
comprou fruta
              podre
tropeçou no caroço
e deu gorjeta
              ao moço

dançou sem vestido
uma valsa qualquer
salsou a colher
estragou a sopa

oh moça con sorte
das saias de foles
a bailar a morte
na salga das pedras. 






mortalhas e micose
coisa alguma
para dizer 
fere hands
pés talentosos
uma entrada junta
e um coração muito aberto
selvaticamente amestrado
deitam o quadro abaixo

tocam à campaínha
sem luz
só se ouviu um cheiro
ainda cintilava
a rúcula do jantar
quando se deu por perdido
quebranto.




quarta-feira, 4 de junho de 2014

"Insónia" III


previ são
previ dente
mordaz
incisivo

sintonismo
futuro passado
a presente
fino

espanto no lugar onde
push; avó; mito
mistura são
insanidade

com fogachos de desenvoltura
e good vibes
a espasmos.



"nove"


prova me
prova o
que é
provavelmente
provocativo
provoca me
provando o mesmo
provoca.dor



"beringela"


nunca diria que eras roxa
por dentro.



"spider"


ateias ao lado
do fogareiro
cuidado!
que as moscas caem
no plano falhado

se a bicha tear
armadilha de seda
podes fugir
mas não ocultas
o que temes

perder
o passo certo
é o vôo
prometido
a quem escapou das brasas
mal ateadas

quase foste comida
em sonho alado.



"calculadora"


ela vira
metade do que era suposto
mesmo sem entender
a matemática
das equações sociais

logo menosprezou
oh, shit!
o que lhe molhava as calças
então pôs-mos ternos
do avesso

começar pelo fim
disse que é melhor
mas não percebeu
a semântica latente

foi tudo bom
encanto durou
até dizer o nome
fruta carcomida

a equação quebrou
a numerologia basilar
das incontáveis cerejas



"de sacci profundis"


reminiscências de pás
que in-terram
traqueias vorazes
dinossauros famintos
de botas
de bicos
de aço fodido.

postas as coisas
postas as mesas
postas de pescada
postas no lixo

depois chegou
sem se voltar
sem revoltar
sem fazer barulho

e tomou a sua presença
como dedo adquirido
sem perceber que não
fora visto
excepto pelo pardal
cantador.



"quantum"


tudo atravessa sentido
sem tradução
sem lógica imanente
sem promessas

tudo o que veio e foi
sem hesitar
por cominhos desconexos
na bruma

tudo diz qualquer coisa
something that never happened
e que, no entanto
aconteceu

tudo foi de noite
e voltou de dia
grama das virtudes
perdidas

tudo é um
que é nada
que é tudo
que deixou de ser.




"quero ir brincar
para o mundo do duende verde"
com o Castañeda no bolso
e o relógio no pulso

uma recepção inteira
refracção na luz
de exibicionismo sincero
raposas que atravessam estradas
e gatos que encontram passagens
para universos seguros

eis que de repente
o serão
traz entrelinhas subjacentes
e sangrias humanas
tudo o que não pode ser olvidado
grita cimentos apáticos

de repente
a penumbra.



"pre.ciosamente"


ancorada
uma teoria de independência mútua
a reter
tudo à volta

quem s' esventura na tradução
das virtudes de um homem degenerado?

dentes, estômago
e um promontório de bagaço
para uma boa digestão.




"piscina"


não sei se vai correr bem
não sei se são americanos
mas vamos lá!
deixa-me só fazer aqui um
papagaio de papel
não, desculpa!
já posso ver?

isto pode acabar
isto pode dobrar
sem que eu continue
hã?

com esse olhar de leão
que vai apanhar borboletas?

sabes que mais?
o autoclismo não funciona.
desafio-te para um jogo.

daqui a pouco.



"Nagual" II


não tenho faca
para encher o meu corpo
direccional
com minhoquices

de repente estava num cachimbo
rastejei
antes que conseguisse abrir os olhos
tinha regressado

um guerreiro
à porta
a decidir
matar ou ensinar





"Nagual" I


disse-me para esperar por ele no carro
voltou passadas três horas
com um pacote embrulhado
em vermelho

era o último presente para mim

ao fim da tarde eu senti suavemente
morta a pestilência
de seis onças de diâmetro
as sementes estavam secas
                                redondas
e de cor amarela
queria comer alguma coisa
mas ele disse-me
que eu tinha de seguir a regra

só um pouco de água.



segunda-feira, 2 de junho de 2014

"B. Le Tour"


bicicletas não andam
os humanos não rodam
o que se diz não se escreve
sem caneta

as correntes não puxam
a força motriz dos atores
escarnece a moral
dos deflectores desalmados

ainda bem que não temos de ser espertos
: será que se afogam
no dilúvio dos campos
as formigas que trepam montanhas?

alavanca anti gigantes
e uma roda dentada
que avança contra relógios
apalpando as linhas
com que se bordam redes




"ora são"


profiteroles, Senhor
e uma taça de arroz
até jazz
para os pobres
chupa-lhe as chagas
a purga
the God Damn dessert!





beija a flor
o veneno nas veias libertas
anticorpos fugazes
bloqueios de gases tóxicos
as hortas que fecham
portilhas
reprovações carnívoras
abrem o leque

"escolhe uma carta"





ambivalências campestres
em solo urbano
mediadas por tecno.logos
de ambiguidade latente

um churrasco
uma rodada
o bilhar de domingo
as caras do costume

a tracção às rodas dianteiras
que impelem mudanças
sem paradigmas
perdidos
dançamos na noite-alvorada
quase depois do lusco-fusco
rasurado




domingo, 1 de junho de 2014

"the stare"


pontiaguda

indecente

chuvosa


queimaram-se os cabos

o homem parou de fixar
                            (se ter)
cabras



"Qui-meras Aka-dérmicas" III


porque ésse obrigado
a ser não-pessoa
mas nunca
não-humano

porque ésse a ferros
de pressa
mas nunca
de pressão

porque i-ésse, man
mas nunca
calão, catano!

porque "ah foi quase"
ésses converses
de dizer coises

: considerações posteriores:
então quando pagam?



sábado, 31 de maio de 2014

"arco da governabilidade"


não sei.
não sei não.
não sei mesmo.




"saai noob"



preza unção
de terras baixas
pouco acima de meter
oro
pequeño profeta
da nau catrineta

impérios descarnados
à vista
flu.ente
desarmada

"isto é muito feio"
menino mau
com portadas latinas
e cara de pau

the Well Come turn:
pensavam que estavam
a comunicar.




sexta-feira, 30 de maio de 2014

"La Mer"


considera-me atrás das ondas, amor
considera-me antes da maresia
da rebentação
consider'antes
as tábuas que deixei na areia
sem passos marcados

aposto que não sabes
como flutuei
sobre amar-te.




"redentição"


cri amos
porém desastre ditei
a crença
nas patas coladas
do nosso ascensor
devir tudo
espantar alhos
de água na venta
por si na cisão




quinta-feira, 29 de maio de 2014

"Freud"


sal do sismo
canicular
verosimilhança bípede
by the way better

foice atroz
de cãopanhia
possa um dia

ouvir-te a memória
a.dor.mexida
que Morfeu
traduziria




"premonição"


passei-me diante dos óculos
que osculavam fermentos
incendiei na iscada
cada degrau de cimento

qual a fénix evadida
untei as mãos em veludo
e pul-gas no congelador
acordei com os pés frios

e a brasa metida
algures
nos arredores
de ninguém




"tremoço"



um bater de dentes chegava
para desaguçar a liquidez




"Qui-meras Aka-dérmicas" II



ecologia ferramentista :

materialidades da pedra

que arrotam ligações

a outros equipamentos


ecos da ferramenta:

mulheres que assobiam

actantes

cuneiformes



: considerações posteriores :
a final
para quê?







"ses"

Se fizessem o que dizem
quando dizem
o que fazem
Se olhassem os umbigos
como dizem
não os seus
Se comessem o que plantam
porque dizem
ai que lindos
Se ouvissem seu enfeite
por dizerem
que deleite.

Se olhassem o que fazem
quando dizem
o que dizem
Se comessem seu enfeite
como dizem
que deleite
Se ouvissem o que plantam
porque dizem
não os seus
Se fizessem os umbigos
por dizerem
ai que lindos.

Se ouvissem o que dizem
quando dizem
que deleite
Se fizessem o que plantam
como dizem
ai que lindos
Se olhassem seu enfeite
porque dizem
o que fazem
Se comessem os umbigos
por dizerem
não os seus.





foi assim que ele nasceu

percebend’o que

não estava lá


ao lado da lata de tinta
o muro
o que não pôde dizer






quarta-feira, 28 de maio de 2014

"ostralgia"


papel reineta
pré-industrial
e moderno
sem modas
sem merdas
pre-conceptuais
mas a pedir
com licença
mas a pedir
desculpa

por existir
a partir tudo
por reiterar

retira
a importância
do discurso
de coração
cavernoso
altamente treinado
a esquecer







terça-feira, 27 de maio de 2014



pudesse a criação
ser menos de rapina
e mais de bater

asas.




"sexto"


a gota que suou
do meu nariz
virou
lava incandescente
no teu dorso




"Insónia" II


como me cega a luz da manhã
antes da aurora
como me devora a retina
antes de ver
como me come como comia
antes de ter dentes
como me regurgita
antes de me comer


como depois regressou
antes de ir.





assim que apaguei o cigarro
o fumo saltou-me
do copo para o nariz

inspirei

depois dei uma mirada 
às flores roxas
que o vizinho descuidou

engoli




segunda-feira, 26 de maio de 2014

"a última"

rega o fogo
prega o vinho
intenta o pão

crú
sin
fixo




"ash.co"

ash to ash
co.lectivo
que recortava satélites

dust to dust
true e são
nada por dizer

quando veio

ele.mentar
meu caro, Ás
co.michão

podemos mudar o foco
a meio
para outra

toma
que já
almoças.co!







domingo, 25 de maio de 2014

"Insónia"

mente
aquece o que deve
esfriar
de mente
confunde os quadriláteros
circulares
só mente
de voltas e voltas
es.pirais
suspir.ais
profunda
mente




sexta-feira, 23 de maio de 2014

longe e tudo
da barca
fiz farinha
pão que pinga
doce encanta
mentol-izado
às pressas
das presas acutilantes
antes toda
a via
estava lá
mas não havia

nós.




"Qui-meras Aka-dérmicas" I

um ponto não segue um
macro-actor sem vírgula
não se alicerça em
citações em língua estrangeira
não se convertem em
grandes centros decisores
não se citam
direccionados, coerentes, tesudos



: considerações posteriores:
o que podemos afinal
FAZER?




eu sei que não, mas agora quero
ir para qualquer longe hetero-cultural
como se me falasse ao ouvido
um johnny-cash-de-espada-à-cinta
que canta tão mal como eu

pudesse ser tão resoluto
que a erva daninha edificasse

um jardim




quinta-feira, 22 de maio de 2014


o Pisco piscou-me
torci-lhe o olho
fugi-lhe a eito
negrei-lhe o sobrolho

que deus sejas
no peito ruivo
desfaz o canto 
sentido pus


no peito carcomido do tabaco
sem viola
sem saco
sem taco





ri te da rita
ri te do ri tu
ridendo castigas more
ri ri ri
distribui ir
racionalidade red
onda
ri ri
no regr.eat
sem retorno sem re
torno
ri

turn



"Tê-vê"


tele-visão
tele-virão
te-levarão
até aos insterstícios
de tê
vês







"Sorri Head"


las calles de la vida te leván
losing victory
perdona-me-dona
as culpas
que a chuva
lava
the uglyness inside
the blueberry masquerade
dropping
As
gotas tic-tac de corda
enquanto uma crise
espirra bad luck
sal e azeite
e uma vela ardida
a dizer que esperem
la piú bella cosa
of the Printemps within





deixa as melgas viver
por tu, guêst
que nesta vida o que morde
não são "elles"
és tu
pessoas reais
não são "elles"
difícil explicar
não são "elles"
quando andas em sentido contrário
não são "elles"





"Nêspera"


a melhor palavra para dizer
aquilo 
e não
the rest of it.