sábado, 13 de setembro de 2014

dálmata


havia de dizer
que
havia de mostrar
te
havia de haver
se

comigo 

que te mostres
que se diga
que te hajas

a multiplicar as malhas
sociais

a dar cordel 
em nada

que existi se


sem manchas

e offline




rotina


ela comia e olhava
para trás
a barriga apontava
para a frente
onde estava ele

bebia em goles pequenos
olhava sem interesse
um jogo qualquer

atrás de si cresciam
cicatrizes de ciúme
que não adivinhava

até ao dia
em que partiu

a loiça.




dois terços e meio
de joelhos
sobre a escadaria
de Babel

ainda não se vê
nas alturas
a entrada do templo
mas há

fé sarnenta
e gaitas de fools

apodrece mamão
na cesta proibida
de frugalidades

que se podem saborear
a penas
nas soleiras das janelas
fechadas




maternidade


estima a tua mulher
estima o teu filho
estima a tua sogra
o teu sogro
escuita
escuita

não te dei autorização
para falar assim
aberta mente
sobre o que dizes
não ter

sabias que os morangos
perdem
sabor quando
afogados
em nata.




sexta-feira, 12 de setembro de 2014

"éfe"



pelas línguas da virtude
trauteei sonatas
de espada em punho

sem algibeira
para o resto
do gengibre do jantar

mas havia festins e folias
e tartes de maçã

entre as gotas
adocicadas
do elixir chuvoso
das que não
se molhavam

- às vezes passavam
e pediam para tirar fotografias



cousas da vida


uma sexta-feira
um dia limpo
e cai-me no olho
era azar a mais
fui andando
não melhorou
continuei caminho
a soro
não saía

duas horas à espera
e o médico disse
"the sky spat on you"




olhassem
mote dado
familiaridade
de indústrias passageiras
para uma furna
sem alma
fresca
antes que o crepúsculo

quase liquidado
adicione indigentes
quase liquidos
aos agriões vespertinos

afinidade
sem mácula
perdida
na roda da bicleta
sem montanhas



tropeço


sem tesão
sem preço
sem fundo

saltou
alianças
de roldanas
ensarilhadas

não a mesma mulher
de arame
na brincadeira
              do poço




o que sem pensar
demais
deu curvas e voltas
espirais
sem retorno
até ao ponto de
rebuçado



bebendo uma sidra
canteiros silenciosos
aves de papel




andava pelas canadas
de noite
pensando que era
pássaro nocturno
gralhando impropérios

diziam que sofria
de amores
mas não.

tinha fomes e fúrias
tumores frios
quase científicos na forma
analítica
de calcar as pedras

também galgava precipícios
minuciosamente
antes que alvorassem
bagatelas

essa orquestra de brados
autofágicos
que mascam os dias



quinta-feira, 4 de setembro de 2014

lusco-fusco


olhos secos
quando era criança
molhados na puberdade
enxutos no sovaco
alcoviteiro
da quase-vida
moída em
espaços abertos
frinchas permeáveis
lamas vermelhas
desbotadas pela lixívia
do quase-ser
primeira apanha

pela manhã ouvi um ruído
era o pôr-do-sol.